Marcos
Faiock Bomfim
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Na verdade, por mais consagrados que possam
ser, pastores, rabinos ou padres nunca vão poder mesmo abençoar um
casamento, muito menos consertar com uma oração a escolha errada que alguém
fez. O máximo que eles podem fazer é dirigir um culto nupcial e pedir as
bênçãos de Deus para o verdadeiro casamento que ainda vai acontecer, na
maioria das vezes, ainda naquele mesmo dia, durante a Lua de Mel. E se o
casamento, ou seja, a união, não acontece com a bênção do pastor, quando é
que ele ocorre? A Bíblia diz claramente que ele ocorre, com bênção ou sem
bênção, quando o casal mantém relação sexual, ou seja, quando se tornam “uma
só carne”. Nesse momento são unidos solenemente por Deus, o Criador de
ambos.
E Deus leva este assunto tão a sério que disse que se um homem seduzir uma virgem e mantiver relações sexuais com ela (ainda que ninguém saiba), deve tomá-la como esposa (Êxo. 22:16 e 17), a menos que o pai dela discorde. E você sabe por que Deus também proíbe a alguém manter relação sexual com uma prostituta (I Cor. 6:16)? Porque a unidade que o ato sexual produz é algo tão profundo que talvez nem com todo o desenvolvimento científico que possuímos, possamos compreender totalmente o significado desse “tornar-se uma só carne” e suas implicações para o corpo e a mente. Ao que parece, uma relação sexual transcende em muito à simples troca de fluídos corporais, e tem implicações espirituais! Por isso é preciso escolher muito bem a pessoa com quem vamos nos tornar uma só carne, e preparar-nos para esse momento.
Mas se o casamento não ocorre na igreja, o
que é que a gente vai fazer por lá quando alguém se casa? O culto na igreja
tem algumas funções muito importantes, entre elas, a função espiritual –
pedir a bênção de Deus para o casamento antes que ele aconteça. “Se o Senhor
não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam...”, diz o Sábio, no
Salmo 127:1. Jesus também disse que se buscarmos “em primeiro lugar o reino
de Deus e Sua justiça, todas as outras coisas” nos serão acrescentadas (Mat.
6:33).
Quando um casal vai à igreja, está querendo
dizer a Deus mais ou menos o seguinte: “Nós não seremos capazes de manter
nossa relação sem a Tua bênção. Então, Senhor, vem nos abençoar.” É por isso
que o pastor em dado momento se ajoelha com os dois e roga a bênção de Deus.
Mas nem isso garante que Deus aprova uma união que não deveria acontecer.
Creio que a escritora Ellen White foi inspirada por Deus ao afirmar que
quando movidos apenas por causa da influência das paixões carnais [sensuais]
homens e mulheres acabam se desonrando a si mesmos e o bom nome da honra é
sacrificado no altar do prazer, “o casamento destas pessoas não pode ser
solenizado sob a aprovação de Deus” (O
Lar Adventista, pág. 56). Esse é apenas um exemplo de casamentos
que não podem ser abençoados, ainda que ocorram na igreja.
Mas acredito que existe diferença entre
“bênção de Deus” e a “união”. Um casal que vai à igreja e pede a bênção,
pode sair de lá abençoado, mas isso não significa que está unido, ou seja,
não tornou-se “uma só carne”. Essa união só vai acontecer depois, longe dos
outros, apenas na presença de Deus, que tudo vê e tudo sabe. Mas um casal
pode desprezar a bênção, e unir-se mesmo sem antes buscá-la. Deve então
separar-se por causa disso? É o próprio Senhor Jesus quem diz: “Aquilo que
Deus ajuntou [uniu], não o separe o homem” (Mat. 19:6).
É lógico que esse não era o plano original de
Deus. De acordo com a Sua vontade, para tornar-se “uma só carne”, o homem
deveria antes “deixar pai e mãe e unir-se à sua mulher” (Gên. 2:24). Isso
quer dizer que antes de manter relação sexual, ele precisaria sair
oficialmente de casa e firmar um compromisso social e público com aquela que
vai tornar-se uma só carne com ele. Os parentes, os vizinhos, os colegas de
trabalho, todos deveriam saber disso, antes que a união acontecesse. E o
culto na igreja, além de rogar a bênção de Deus, cumpre muito bem também
esta função social – revelar o novo
status do casal: casados, ou seja, compromisso feito. Isso quer
dizer que no caso de haver culto na igreja, o compromisso é feito diante de
Deus e dos homens.
Li o e-mail de um ouvinte da Rádio Novo
Tempo, separado, que afirmava ter uma forte impressão de que seu casamento
não havia mesmo sido abençoado por Deus. Afinal, dizia ele, o Pastor errou
várias vezes o nome da noiva durante a cerimônia... E se alguém acha que seu
casamento não foi mesmo abençoado, deve separar-se? De maneira alguma.
Talvez não tenham sido abençoados ainda, mas, se houve relação sexual, sem
dúvida foram unidos por Deus, e o que Ele ajuntou o homem não deve separar.
Em Mateus 19, versos
4 a 6, Jesus não diz que um casal é “ajuntado” por Deus quando
recebe a bênção, mas quando se torna “uma só carne”. E quando isso acontece,
diz Ele, “não o separe o homem”. Vou repetir para enfatizar: mesmo quando
não houve a bênção de Deus, não deve haver separação. Nos versos 8 e 9 Jesus
diz que a única possibilidade para haver separação e novo casamento (com
outra pessoa, é lógico), é no caso de relações sexuais ilícitas por parte da
outra pessoa, ou seja, se a outra pessoa cometeu uma traição sexual.
Mesmo para esses casos, existe esperança!
Uniões que foram feitas sem a bênção de Deus podem ser abençoadas se um ou
ambos os cônjuges se humilham diante do Criador, confessam sua anterior
rebelião ou ignorância, suplicam-Lhe humildemente as bênçãos, e passam a
andar com Ele, obedecendo dali
em diante
Sua vontade. Ele jamais retém as bênçãos do penitente que O busca. Talvez as
conseqüências das escolhas equivocadas permaneçam, mas é possível então
contar com a presença suavizadora de Deus para suportá-las.
Ellen White, piedosa escritora cristã que
viveu há dois séculos, escreveu um texto que considero inspirado e que tem
norteado muitos casamentos, inclusive o meu: “Embora possam surgir
dificuldades, perplexidades e descoroçoamentos, nem o marido nem a esposa
abrigue o pensamento de que sua união é um erro ou uma decepção. Resolva
cada qual ser para o outro tudo o que é possível. Continuem as primeiras
atenções. De todos os modos, anime um ao outro nas lutas da vida. Procure
cada um promover a felicidade do outro. Haja amor mútuo e mútua paciência.
Então o casamento, em vez de ser o fim do amor, será como que seu princípio.
O calor da verdadeira amizade, o amor que liga coração a coração, é um
antegozo das alegrias do Céu” (A
Ciência do Bom Viver, págs. 26 e 27). Que isso aconteça hoje em
seu casamento!
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Marcos Faiock Bomfim:
Pastor,
Terapeuta de Família e Casal e Diretor do Ministério da Família da União
Sul-Brasileira da IASD e produtor e apresentador do programa de rádio "Novo
Tempo em Família", da Rede Novo Temp
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sábado, 8 de junho de 2013
Todo Casamento é abençoado Por Deus? O que fazer se um casamento não é uma bênção
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Oi Laelia a Paz, verdadeiramente Todo Casamento é abençoado Por Deus, fico feliz por gostar que publiquei seu texto"EU NÃO QUERO" seus textos sempre são uma benção para mim, e o brigado pelo elegante, seu blog e você também são muito elegante, Deus te abençoe.
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